sábado, 31 de maio de 2008

Pai

Há mais de uma maneira de dizer
eu te amo;
Há quem diga com palavras,
E quem prefira o silêncio.
O olhar também revela...
Os beijos e abraços traduzem-se
em uma só palavra;
Para aquele que transpõe em gestos
e atitudes os sonhos
Que cria o palco de ilusões reais
E transforma mentiras em verdades,
Tempestades em nuvens,
Espinhos em flores.
Como a chuva que vem
e faz florescer doce melancolia.
Ele, que tarda o ocaso,
E antecipa a aurora.
Que possa sempre estar aqui,
Para que eu possa dizer sempre
Te amo, pai!
Ah, pai! Por que pai?
Palavras não transmitam tua
grandeza.
Meu medo desaparece diante de ti
desaparecem.
As lágrimas não rolam.
Nutrem-se de tua força
E me torno forte também.
Nobreza, tenacidade, paciência.
Ah, pai! De teu amor estou cercada
E por ele estou protegida.
Cantigas, beijos, abraços.
Pai, pequena palavra
Para um grande homem.
Te amo, pai!
Só quero dizer
Que te amo.

Para meu pai

sábado, 24 de maio de 2008

Para não dizer que não falei dele

Dedicado a Geraldo Vandré

Eu te amei
Mas eles te mataram
Sem pena alguma
Eles te assassinaram
E trouxeram a conhecimento do público
(Mas punidos não foram)
Foram até lovados.
Logo tu! Que era a própria
liberdade.
Tu, que gritou contra
o pior dos males.
Eles, vendidos então.
E sem vergonha nenhuma,
Vivo, te enterraram.
Das flores tu já falava.
Eles eram selvagens, malvados.
Tentaram ser civilizados,
mas tropeçaram em sua própria ganância
e inutilidade.
Foram violentos,
quando contra eles,
a verdade falaram.
Por isso te odiavam.
Tu amou, mesmo quando do ódio
precisou.
Por isso, tu foi perfeito.
E para eles, quase nada restou.
(Só uma arma),
Que contra ti usaram.

Alma


Meus pés estão molhados,
Nesse pântano escuro estou perdida
Apavorada, não enxergo onde piso.
Todos os sons me são estranhos e sombrios.
Escorrego no limo do esquecimento,
Não tenho fé ou esperanças.
Meus olhos fechados intensificam
minha solidão
Eu corro procurando entender
meus sonhos desfeitos
Tropeço na minha dor
Tenho aversão ao toque
do meu corpo com a terra alagado
Sinto a sujeira que me corroe a alma
Essa alma fria, atormentada e deserta.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Poema do rompimeto


Pensando bem,
Eu não te amo.
Porque francamente,
você é meio idiota.
Não que eu me importe.
Mas isso me irrita tanto
Que até me faz te odiar.

E não vou dizer "sinto muito".
Porque, afinal,
A culpa é tua!
Se você não fosse tão chato...
Mas você é.

Tá, eu sou meio cruel,
Eu sei, eu sei.
Mas se toca,
Eu tenho mais o que fazer
A te dar explicação.
(Ou carinho)

Pára de chorar.
Pára!
Isso é ridículo.
Você é ridículo.
Deus, eu mereço!
tá, eu fico mais um pouco.
Deus, você é tão babaca.

sábado, 17 de maio de 2008

Não sou nada


Assisto a vida passar pela janela.
Sinto a dor que cresce com as árvores.
Beijo a boca que xinga minha fala,
E penso: não sou nada.

Choro na chuva que lava meus pecadosl
Pisa na grama que enterra meus mortosl
Rezo para os demônios que invoquei,
E penso: não sou nada.

Faço de conta que sou feliz.
Agrado quem pensa que me conhece.
Tento não cortar os pulsos antes do anoitecer,
E durmo pensando: não sou nada.

Fogo

Crepita o fogo secular
Atravessa a escuridão
E queima,
Queima até não haver mais nada.
Fogueira dos hipócritas

Destruir as esperanças
e os sonhos
Viva a dor das chamas
Subterfúgio dos ignorantes
Sucumbir às crenças

Acabem com as bruxas
(enquanto há tempo)
Brasa avassaladora
Fé pungente em qualquer coisa


Purificar os pecados com fogo
Como fogo da morte
Matar, queimar, destruir...
Oh, inquisição moderna.
Oh, resurgir espetacular.
Oh, inocência devastada.
E queimar,
Queimar até não haver mais nada.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Virgens

Somos todos virgens
Virgens de sentimentos
Somos virgens e podres
Felizes em nossa podridão
Boca escancaranda rindo
Rindo desta superficialidade
generalizada
Dessa pseudovirgindade que
cremos dignificante

Hipócritas! Fracos! Sujos!

Escravos vazios do nada
Insignificantes palhaços a rir
E a cantar
A cantar nossas fraquezas

Baixos!

Tão baixos que nada enxergamos
acima de nossos pés
Orgulhamo-nos de nossas boas ações...
-Ora, bolas! Eu não sou vil, eu fiz não sei o que
para não sei quem.
Oh, meu deus, tão bons!

Como podemos ter saído tão podres?
Fracos! Putos! Podres!
Podres! Podres! Podres!
Podres a feder,
Fedendo vivos a morrer!

Tu


Tu não és como eu pensava,
Nem é como eu queria.
Não és o sol que me desperta,
Nem a dor que me mortifica.
Não és o que me alimenta,
Nem os sonhos que tenho.
Não és o amor da minha vida,
Nem o que mais temo.
Não és o que me encoraja,
Nem o que acredito.
Não és o que desprezo,
Nem aquilo que edifico.
Nã és aquilo que me alegra,
Nem o que me põe em desepero
Não és, ao menos, o que respiro.
Mas és o único que realmente preciso.

Papelaria

Comprei um marca-texto
amarelo.

Preferia um azul...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Eu vou continuar

Eu não vou cair.
Não importa o que aconteça,
Eu não vou cair.
Mesmo que minhas pernas não mais
me sustentem,
Mesmo que eu não tenha mais forças,
Mesmo que eu esteja destruída,
Eu não vou cair.

E se eu cair,
Eu vou me levantar.
Mesmo quando eu estiver esgotada,
Mesmo quando eu não enxergar mais o sol,
Mesmo que não haja possibilidade,
Eu vou me levantar.
Mesmo que o fim esteja próximo.

Se eu não puder me levantar,
Vou continuar do jeito que posso.
Mesmo que meus braços não possam prosseguir,
Mesmo que os obstáculos sejam maiores que eu,
Mesmo que a dor seja insuportável,
Mesmo que eu esqueça de mim...
E mesmo quando me restar apenas um sopro de vida
Eu vou continuar.
Até que me reste somente a morte...

E ainda assim, eu vou continuar.

À beira-mar


Água fresca
Tua boca na minha
Sol, sal, suor
Amo-te e sabes disso

Céu azul e liberdade
Sombra em teu colo
Gosto de baunilha
Amor só é amor a teu lado

Cantigas de roda
Fogo, violão
Noite negra e estrelas
Teu corpo manchado de luar

Maresia e felicidade
Dormir junto a ti
Acordar com cheiro de tulipa
Mel em teus lábios

Pão quente e manteiga
Sonhar com lençóis brancos
Vento na cortina da sala
Nós dois no fim do arco-íris

Inocência

Não vou criar esperanças,
Sempre tão vãs e efêmeras,
Mas não posso evitar.
Tão crédula...
Mesmo quando cética
Uma flor de estufa
Minha ironia ainda é inocente
Como eu mesma.

Sem pretensões, sem ambigüidades,
Apenas a ingenuidade dos olhares de açúcar.
Borboletear pelos parques,
Sorver do vento a vida,
Beber a felicidade em teu riso,
Liberdade como bálsamo.

Pressupor o amor,
Porque afinal, tristezas acontecem.
O sol sempre acaba por brilhar.
E o luar é belo,
Mesmo quando se vive na noite.


terça-feira, 13 de maio de 2008

Presa


Incendiada,
E de tal modo que me sinto assustada.
Brutalmente presa dentro de meu corpo
Preciso escapar dessa pele corrompida
Suspiro em desalento
(Respirar não é mais tão importante...)

Preciso beber
Desculpabilizar minhas falhas
Maldito sangue que lateja em minhas veias.
Como queria esquecê-lo!
Mas ele pulsa infinitamente...
Frágil ser que sou,
Choro fácil por esse dolorido pulsar
Meio ingênua, meio suicída.

Alma grande, corpo pequeno.
Presa, incendiada, mortificada.
Me revolto ao pensar nos mediocres
(Eles se satisfazem!)
Corromper-me, machucar-me
LIBERTAR-ME!
Desistir?
Talvez...

Musa?

Teu violão nunca foi tocado.
Mas quem se importa?
Tua música não faz sentido.
E mesmo que fizesse,
Ela não seria para mim.
Mas elas nunca são
(as músicas)
E francamente eu não me importo.
Prefiro chá com torradas
na confeitaria da esquina.
Quero felicidade para mim,
Não para os outros!
Nunca fui musa.
Prefiro ser humana
E ter meus prazeres
(Mesmo que eles sejam simples),
A ser eternizada sem jamais ter sorrido.
Adocicado
Adocicar
Doce
Doçal
Do sal...

Poema escrito com a contribuição de Bárbara Gnewuch